Maria Alice Estrella

Bate o sino

Por Maria Alice Estrella
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Passaram 10 anos desde que deixei de ser a “Jingle Bells” (apelido dado por um amigo próximo) por ser uma deslumbrada decoradora da casa na época natalina.

Decidi que nesse ano faria a festa para mim mesma porque todos os meus familiares vivem longe.

Arrumei a casa como ave, preparando um ninho. Cuidadosa e atenta pensei no aconchego de um berço. Peça por peça arquitetei detalhes para a minha própria alegria.

Montei a árvore, coloquei enfeites, guirlandas douradas, luzes que piscam de acordo com as notas musicais de uma caixinha especial que me acompanha há décadas, e um anjo branco no mais alto dela. Sem deixar de mencionar muitas caixinhas sonoras. A sala parece um bazar ornamentado com bonecos que cantam e dançam, com casinhas luminosas e melodiosas, com velas cintilantes. E um enorme Papai Noel inflável para compor o ambiente.

O presépio (que me acompanha desde que nasci) está postado no lugar de honra e é em frente a ele que rezávamos e cantávamos quando o relógio marcava a meia-noite.

Aliás, esses são os presentes que a vida, vestida de Reis Magos, oferece a cada um em reverência, em reconhecimento, em resgate.

Então, medito e premedito a respeito do que poderei oferecer aos que amo como dádiva de Natal, como se presenteasse a Jesus Menino.

O presente precisa trazer em si mesmo o carinho com que foi escolhido, o cuidado como foi preparado. Nisso reside a essência do gesto.

E nesse espírito natalino que nos conecta com a família, com os amigos, com a Internet, com o Planeta, por menos que se queira, possibilita a recordação de algum outro Natal em especial, que repousa no tempo silente do baú das memórias.

E lá vamos nós remexer em lembranças de Natal. Natal de todas as épocas. Tempo de inocência, que nunca se perdeu, de risos que nunca deixaram de soar. Tempo em que todos estavam juntos, próximos ao toque e passíveis daquele abraço ao vivo e a cores. E é muito significativo poder rememorar passagens antigas no Natal de hoje. Bendito seja esse arquivo imensurável de cenas inesquecíveis, catalogadas no cérebro.

Natal, também e acima de tudo, é transformação. Deixamos vir à tona nossas melhores facetas como se, por milagre, aflorassem em nós qualidades, dons, talentos enclausurados na rotina desgastante do ano que passou.

Tudo fica mais à flor da pele. Tudo transborda peito afora.

Preparei a festa para mim mesma. E estou sorrindo como criança porque me presenteio com uma das coisas de que mais gosto. Afinal, tenho que fazer jus ao apelido carinhoso de ser a eterna menina “Jingle Bells”.


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